Are you in ?

Visit our online store design especially for your country

go to website
Stay on this website
Emanuel Proença em entrevista ao Jornal de Negócios

O administrador da PRIO considera que uma das soluções “mais fáceis” para baixar a fatura dos combustíveis é a redução da carga fiscal. E relembra que o contrabando continua a ser um dos grandes problemas.


Os impostos sobre o sector da energia vão marcar as negociações do Orçamento do Estado (OE) para 2019. Um tema que é sempre “complicado” e mexe com vários factores, explicou em entrevista ao Negócios Emanuel Proença, administrador da PRIO. Para o gestor, o essencial é que as novas medidas não criem “distorções no mercado”.


Temos assistido a consecutivos aumentos dos preços dos combustíveis nas últimas semanas. O que justifica essa subida?


Os preços em Portugal seguem uma tendência de mercado internacional e os impostos que lhe são aplicados. Há realmente um custo do mercado internacional que tem vindo a subir bastante nos últimos meses. A somar a estes preços, suportados pelos distribuidores de combustível, estão os impostos. Na prática, sempre que há grandes variações nos preços do mercado europeu é inevitável: reflete-se na bomba.


A única maneira de baixar a fatura dos consumidores é através da carga fiscal?
É uma das maneiras mais fáceis.


As operadoras não podem diminuir mais a sua margem?
A PRIO trabalha com uma lógica de preço ao consumidor final um bocado diferente, porque trabalhamos sempre com preços na bomba mais agressivos do que os restantes. Por isso, não posso estar a pronunciar-me sobre aquilo que fazem os restantes. Na distribuição não há uma margem assim tão grande. Há custos grandes de mercado internacional e fiscais aos quais não conseguimos fugir e temos que os refletir [na fatura].


Outro tema relacionado com os combustíveis é o contrabando. O Governo até criou grupo de trabalho para investigar a temática. O que espera desta iniciativa?


Temos expetativas que saiam coisas boas. Este é um problema que já se arrasta há alguns anos. Tem tomado proporções cada vez maiores e, portanto, mais importantes. Mas haver atenção por parte do poder político é importante. Vamos ver que resultados saem.


E o processo do Intermarché contra a PRIO e o presidente executivo, Pedro Morais Leitão, chegou a avançar?
Não recebemos absolutamente nada.


Houve alterações da situação denunciada pelo CEO da PRIO relacionada com a compra de combustível pelo Intermarché a empresas que estão a ser investigadas por importações ilegais de combustível?
Não sabemos. Temos esperança que sim, mas não sabemos.


Os impostos sobre a energia vão marcar as negociações em matéria fiscal para o OE 2019. Quais são as expetativas?
Não sei dizer. Sei que tudo o que está associado a impostos na energia mexe com várias outras mesas. A primeira é a sustentabilidade do OE. A outra é o peso nas contas dos portugueses. E outra ainda está relacionada com algumas polémicas que têm surgido à volta da forma como isto foi trabalhado nas últimas décadas. O que vai sair, não sei. O que esperamos é que saia algo que seja claro para todos. Que não crie grandes distorções ao mercado. Porque hoje já sofremos um bocadinho as consequências de algumas decisões passadas que têm implicações grandes na fatura da eletricidade dos portugueses, na forma como a mobilidade elétrica está construída, na quantidade de “dieselização” que o país teve. É bom lembrar que Portugal tem um desenvolvimento muito grande do diesel sobretudo no peso fiscal. O diesel, durante muitos anos, foi incentivado versus a gasolina com fiscalidade mais baixa.


E em termos de imagem para o sector, tudo o que se tem passado prejudica?
Acho que nos prejudica sobretudo na maior dificuldade que temos de ver para onde o sector vai e com que regras jogamos. Para nós, o mais importante é entendermos com que regras jogamos e como é que podemos apostar hoje em investimentos que inevitavelmente são a 5 e a 10 anos. E para os quais precisamos de ter alguma clareza.


A PRIO continua à venda?
A PRIO é detida por um fundo que é gerido pela Oxy Capital. E os fundos de investimento, nalgum momento, têm de vender. E isso inevitavelmente acontecerá.


Os interessados continuam a ser os mesmos? A Petrin, o grupo Martins e a BP?
Não sei se todos esses são reais interessados. E há outros reais interessados.


Quem? Pode detalhar?
É um tema do acionista. Posso dizer é que do ponto de vista da gestão o objetivo é que o projeto continue cada vez mais forte. Quanto mais forte e viável for, mais temos confiança de que terá futuro seja nas mãos de que acionista for.


O gestor do futuro
Começou a trabalhar na PRIO em novembro de 2015. Dois anos depois, Emanuel Proença já dava nas vistas, tendo integrado a lista dos “40 Líderes Empresariais do Futuro”, com menos de 40 anos, elaborada pela revista Exame e pelo FAE – Fórum de administradores e gestores de empresas. Licenciado em Engenharia Industrial pelo Instituto Superior Técnico, começou a carreira profissional na tecnológica IZET, na Alemanha, tendo também passado pelo Boston Consulting Group e pelo Grupo Piedade. Nos tempos livres, além de estar com a família, gosta de praticar natação e padel.


Jornal de Negócios | 19/08/2018
Sara Ribeiro